
Ao longo dos últimos anos temo-nos habituado a ler com imenso prazer e expectativa a obra de Haruki Murakami que consideramos o maior e mais talentoso escritor do panorama literário internacional. A intensidade e o absurdo surrealista que está presente nos seus livros são absolutamente cativantes e suscita-nos sempre os mais entusiasmados pensamentos e as mais profundas reflexões. Daí que tenhamos optado por ler os seus livros a conta-gotas, para que não arrisquemos a ter um overdose do autor.
Sputnik, meu amor é um bom livro, interessante, cativante, enternecedor e com personagens ao bom estilo de Murakami: com uma dose de insânia e surrealismo saudável. Apesar de tudo, Sputnik, meu amor é, possivelmente, das obras de Murakami que até ao momento tivemos oportunidade de ler, a menos interessante de todas.
Note-se, apesar de tudo, que o livro não deixa de ser bom. Continua transportar-nos para o mundo da ilusão e fantasia a que Murakami já nos habituou. O problema é que talvez não seja suficiente. De Haruki Murakami esperamos sempre o mais irreal possível, esperamos sempre que nos surpreenda com aquela mitologia japonesa que está presente em grande parte das suas obras e, infelizmente, Sputnik, meu amor, sabe-nos a pouco.
Não pensem, não obstante, os fãs de Haruki Murakami que podem não gostar do livro. Pelo menos nós gostámos muito e aconselhamos a sua leitura. O que dizemos é que pode, eventualmente, não ser o melhor e mais interessante livro de Murakami.